Villa Europa provavelmente não é um nome de edifício conhecido dos paulistanos. Mas o edifício que leva este nome certamente é bastante conhecido. Trata-se de um empreendimento residencial de alto luxo localizado no Jardim Europa, mais precisamente na rua Tucumã. O edifício fica numa área nobre da cidade. O referido edifício, ainda inacabado, chama a atenção pela sua altura, completamente desproporcional aos demais edifícios da vizinhança.
Suas obras estão embargadas desde março de 1999. O topo do edifício está 30 metros acima do autorizado pela Secretaria Municipal de Habitação. O prédio também excede a altura permitida pela lei do zoneamento urbano naquele local. Para piorar as coisas, o prédio está na rota dos aviões que pousam no aeroporto de Congonhas em São Paulo.
O embargo da obra foi suspenso pelo juiz Romolo Russo Júnior, conforme notícia publicada pelo Jornal da Tarde em sua edição de 16/06/2004. A Prefeitura ainda pode recorrer da decisão na Justiça. Aparentemente os responsáveis pelo empreendimento, desconsideraram a limitação imposta pela legislação. Também não devem ter levado em consideração que a Prefeitura, um interveniente extrema importância em qualquer projeto imobiliário, pudesse embargar a obra.
Observe que não estou fazendo nenhuma critica à empresa que construiu o edifício. Não tenho conhecimento dos detalhes e seria leviandade minha supor incompetência por parte dos construtores. Mas é certo que o empreendimento teve e está tendo problemas. Os proprietários dos apartamentos até hoje não puderam usufruir do bem que adquiriram. E olhe que o preço não foi barato. O Jornal da Tarde registra o preço de US$ 1 milhão por apartamento. A construtora também deve ter tido prejuízo com este edifício. Segundo a notícia do Jornal da Tarde o edifício terá que sofrer um corte para deixá-lo mais baixo. A tabela abaixo sumariza alguns dos problemas nesse empreendimento:
Problema
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Conseqüência
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Necessidade de lidar com o processo de embargo na Justiça
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Custo não previsto.
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Necessidade de adaptação do prédio.
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Aumento do escopo original do projeto e conseqüente aumento de custo.
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Impossibilidade de uso dos apartamentos pelos compradores.
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Atraso na conclusão do projeto.
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Dano na imagem da construtora e do empreendimento.
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Custo adicional intangível. Certamente não deve ser um valor baixo.
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Insatisfação dos principais intervenientes do projeto (compradores, construtora e Poder Público).
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Prejuízo, prejuízo e mais prejuízo.
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Finalizo o artigo dando uma sugestão para as empreiteiras que quiserem se diferenciar no mercado: por que não contratar um auditoria independente para assegurar que os processos de gestão do empreendimento estão sendo bem feitos ao invés de apenas auditar a execução do projeto de engenharia? Tenha certeza: as empreiteiras que se dispuserem a ser auditadas dessa forma darão aos seus clientes uma prova de confiabilidade. Num mundo onde a transparência é cada vez mais valorizada, vale a pena pensar nisso. As construtoras que trilharem este caminho são aquelas que sobreviverão no futuro.
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